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Sem artes, sem argumentos

É mais difícil hoje convencer um aluno a ler um dos contos de Jack London, como To Build a Fire, do que quando eu estava na escola. Afinal, quem precisa saber como se faz uma fogueira quando a grande maioria da população nunca foi acampar? Saímos da época do lazer ao ar livre, despretensioso e selvagem, e fomos para uma mais focada em esportes de quadra, que tem a ver com uma forma mais organizada da sociedade, na qual saber fazer fogo não é valorizado nem valioso. No entanto, lá estava eu, debruçado sobre uma antologia de literatura americana, na linha de abertura do conto que falei acima, com um aluno que tinha um propósito muito claro – e que não tinha nada a ver com chamas ou labaredas. Na verdade, o título da obra, como um manual de instruções, provavelmente seria menos adequado para ele do que para qualquer um dos meus outros alunos.

Este estudante era um executivo de consultoria financeira de 45 anos de idade. Ele aceitou uma promoção em que teria que falar, ler e escrever muito mais inglês do que se sentia confortável. Na verdade, ele estava tão preocupado com isso que pediu a mim, o cara que tinha treinado apenas suas filhas e alguns de seus amigos adolescentes delas, para ajudá-lo a melhorar neste aspecto. Então, isso não é sobre esse aluno, mas como nomes como Jack London e outros da velha literatura bem escrita, com vocabulário e qualidades imaginativas excelentes, compõem um caminho muito apropriado para quem quer se tornar um comunicador forte.

Há um debate em curso na área da educação, principalmente no ensino superior, que confunde o papel das artes com o resultado da educação profissional. Frequentemente estamos presenciando cortes profundos nos programas e orçamentos de arte liberais, enquanto assistimos a uma maior ênfase na formação pré-profissional. No entanto, os dois não devem ir de mãos dadas. Não precisamos tanto de mecânicos quanto de designers de automóveis? De professores tanto como de autores de livros infantis? Claro que sim. Estamos em um mundo cheio de dualidades, ainda que muitas vezes acredita-se que há um caminho único e linear para o sucesso – e que, mais do que nunca, ele passa por Harvard e Wall Street.

Enquanto opinamos sobre o tipo de carreira, nossos alunos estão deixando de estudar filosofia, literatura ou história, e nos esquecemos de que muitos empregadores de muitos lugares também estudaram essas carreiras e valorizam-nas muito. E, mais importante, temos de considerar esta questão: você prefere que seu filho invista em estudar algo que não ama, mas que parece prático? Ou será que ele deva seguir uma área ou programa que o empolgue? Levando em consideração o fato de que aprendemos mais e retemos melhor o conteúdo quando estudamos algo que nos interessa, fazer com que seu filho voltado para as humanidades passe quatro anos estudando finanças pode ser o pior erro financeiro da sua vida.

*Brady Norvall é  counselor e mentor no STB University Counseling.

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