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Todos são excepcionais

Brady Norvall*

Eu me lembro de uma conversa com um amigo, que como eu trabalha com university counseling, em que discutimos a possibilidade de uma doação de um milhão de dólares ajudar uma estudante a ser aceita em alguma das melhores universidades nos Estados Unidos. Isso porque uma família vinha há tempos me pedindo para ajudá-los a ter uma reunião em uma escola de muito prestígio para então, proporem essa doação a apenas alguns meses antes da filha se candidatar a uma vaga.

A verdade é que se cada família que pudesse dar um milhão de dólares para que seu filho fosse aceito em Stanford ou Harvard (ou qualquer uma das outras escolas importantes), haveria muito mais jovens estudando lá do que elas estão dispostas a acomodar. Ao mesmo tempo, uma doação deste valor a uma instituição que tem fundos de vários bilhões dificilmente faria diferença.

Recentemente, tive uma reunião com uma outra família rica que tem um filho no segundo grau e eles me contaram seus planos para que esse jovem tente entrar em Harvard ou Stanford. Fiquei um pouco desapontado, pois não é a primeira vez que tenho esse tipo de conversa com famílias em que o aluno sequer é competitivo para tentar uma faculdade desse nível.

As estatísticas estão em todo lugar e mostram que a realidade é que 95% dos candidatos não são admitidos, mesmo alguns sendo jovens incríveis. E quando eu comecei a dar um exemplo para eles, contando sobre um estudante que recentemente tinha conseguido entrar em uma dessas universidades, o pai me cortou e disse: “Você está descrevendo um caso isolado”. Este pai estava querendo afirmar que o seu dinheiro era capaz de colocar o filho em qualquer grande faculdade.

Durante toda a conversa ele seguiu argumentando como se eu estivesse apenas dando a minha opinião e não falando a realidade. Quando uma pessoa, como eu, convive com muitos estudantes e tem que participar das escolhas deles, adquire o conhecimento e a capacidade de prever qual seria o resultado de algumas seleções.

E isso nos leva direto a um ponto: uma família ter dinheiro não apaga a história acadêmica de um aluno. Se alguém não está preparado à altura, é muito fácil para um bom profissional de avaliação perceber e ser capaz de apontar as deficiências. Algo pode ser melhorado? Claro. Mas nesse caso, isso vai mudar o resultado? Não.

O desafio está em a família querer ouvir a verdade ou não. Mas neste caso, não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-los a compreender que todos os estudantes que conseguem uma vaga são muito acima da média, isso quando todo o leque de candidatos é forte – o que uma taxa de aceitação de 5% indica.

Quando o filho deles me disse que ele não conseguiria o diploma BI e nem iria jogar futebol, pensei em centenas de estudantes que se esforçaram para ter o diploma BI ou de cursos de AP (avançados), bem como se esforçaram para ser bons atletas, músicos, funcionários e uma série de outras atividades que contribuem para a formação e competitividade. O fato é que se o aluno não for excepcional, não vai entrar.

É falsa a ideia que existem muitas possibilidades devido às mudanças que ocorreram ao longo dos últimos 15 anos e que resultaram no processo de seleção atual. Apontar os culpados por essa situação de hoje é uma discussão completamente diferente, mas o fato é que perpetuar o mito da admissão começa com os pais que não podem aceitar a verdade objetiva. E, a propósito, a quantidade de dólares que podem realmente fazer a diferença no jogo de admissão é $ 10 milhões.

**Brady Norvall é  counselor e mentor no STB University Counseling.

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