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Por uma arte híbrida e fluida

As propostas, questionamentos, problemas e novas tecnologias no ensino das escolas de arte na atualidade foram alguns pontos que fizeram parte da palestra que o crítico, curador e educador Steven Madoff apresentou na tarde do último sábado, dia 18, no Espaço Pivô, na região central da capital paulista. O público também pôde participar, posteriormente, de um bate-papo com Madoff e a curadora, editora e crítica Ana Paula Cohen, que apresentou uma perspectiva do ensino artístico no Brasil sob o ponto de vista da academia.

Ao público de 105 pessoas que foram ao Pivô – localizado no Edifício Copan, criado por Oscar Niemeyer, e um dos marcos da cidade de São Paulo – Madoff contou que ao longo de sua vida vem visitando diversas escolas de arte em todo o mundo e, uma preocupação que vem fazendo parte de todos os grupos de professores, é que o ensino oferecido pela maior parte das instituições vem deixando muito a desejar, não colaborando para uma produção mais consistente ou mais criativa. “O mito da escola de arte como laboratório isolado e puro de questionamentos e invenção é apenas um mito”, apontou.

Um dos problemas que Madoff levantou é que o atual modelo dos cursos de arte nas Américas do Sul e do Norte, na Europa, parte da África e até mesmo na Ásia ainda é a Bauhaus, programa educacional criado pelo arquiteto alemão Walter Groupious em 1919. À sua época, a premissa da Bauhaus foi revolucionária por desafiar os programas clássicos de belas-artes, em que a criação era baseada no realismo ao invés da abstração.

Então, como seria a escola de arte em pleno século XXI? Não existe uma resposta pronta, mas o crítico e curador não vê como a arte pode se dissociar da tecnologia, diante de um universo de possibilidades tão ricas oferecido pelas novas mídias. Como exemplo, Madoff citou o mestrado em práticas curatoriais da School of Visual Arts, de New York, criado e dirigido por ele. Lá, o curso iniciado há três anos é híbrido e prioriza a tecnologia: dois anos do curso é ministrado online para alunos de todo o mundo, que posteriormente se encontram em New York para trabalharem juntos. “Estamos trabalhando para desenvolver um misto de pensadores e realizadores, que podem fazer curadoria de objetos, de performances, de filmes, de livros e de projetos em plataforma web. Isso é hibridismo e fluidez”, explicou.

Complementando os apontamentos de Madoff, Ana Paula comentou que a formação artística no Brasil ainda passa por percalços. Os professores de artes locais, em sua maior parte, têm muito contato com a academia – para ensinar numa universidade de ponta é necessário pelo menos o nível de doutorado – e pouco com o “fazer artístico”. A academia, portanto, precisa se renovar para tratar estes alunos com mais contemporaneidade, oferecendo possibilidades de práticas mais livres. O público presente, formado por estudantes de arte, professores, jornalistas e interessados no cenário artístico em geral pareceu gostar do rico embate de ideias entre os dois especialistas.

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